Professor, Historiador e Ativista.
@joaoandradedh
Conta-se que há
muitos séculos, houve um grande e longo cerco à cidade de Íllion (Troya para os
romanos) que possuía muralhas intransponíveis, e somente foi vencida por um
estranho presente dos invasores gregos: uma estátua de cavalo gigantesco, animal
que os troianos amavam. Acreditaram que era uma oferenda de declaração da derrota
dos exércitos gregos, não contaram que a estátua estava recheada de guerreiros
que ao cair da noite, tomaram a cidade, queimaram e saquearam tudo o que
puderam, entre outros horrores.
Relembro esse
evento porque, há algum tempo atrás fiz uma breve análise sobre as eleições de
2020 aqui na cidade de Araruna, Paraíba. Àquele tempo o atual prefeito foi reeleito
por uma margem bem pequena de diferença e seus apoiadores e correligionários
adotaram a alcunha de “cavalos” por conta do número da sua legenda partidária, o
11, que no jogo do bicho, tradicional contravenção tupiniquim, é representado
pelo equino.
Já naquele momento pairavam sobre o Prefeito (Vital Costa) reeleito para governar Araruna por mais um mandato (2021 a 2024), suspeitas sobre desvios de recursos públicos, já escassos nesta pequena cidade e muito pressionados pela Pandemia de Covid-19 que seguia em uma curva de ascensão assustadora.
Uma das
acusações feitas ao Prefeito foi a de ter desviado cheques da Prefeitura Municipal
de Araruna para abastecimento de contas bancárias pessoais do próprio filho (Vitor
Loudal), numa soma que ultrapassa os R$ 8.700,00.
Só a título de comparação, esse valor poderia ter atendido cerca de 14 famílias com o
auxílio emergencial de R$ 600,00, ou poderiam ter sido adquiridas 150 doses da
Vacina Coronavac que foi vendida ao governo federal por R$ 58,20 cada dose.
O assunto foi,
inclusive, apresentado à comunidade Ararunense durante o debate eleitoral entre
os candidatos à prefeito da cidade (Vital Costa e Benjamin Maranhão). Mas as
respostas apresentadas pelo prefeito à época, em nada foram satisfatórias e o
assunto foi largamente discutido durante o período eleitoral.
Ocorre que a acusação já tramitava junto ao Ministério Público de Contas do estado da Paraíba e nesse último dia 18 (dezoito) de maio de 2021, o órgão que atua junto ao Tribunal de Contas do Estado da Paraíba emitiu um relatório, onde o Procurado de Contas reconheceu a existência de conduta irregular do Prefeito Municipal e do seu filho e indicou e a existência do Crime disposto do Artigo 312 Código Penal.
A prática criminal
identificada pelo Procurador de Contas é o Peculato: esse é o
termo jurídico para o crime que consiste na subtração ou desvio, por abuso de
confiança, de dinheiro público ou de coisa móvel apreciável, para proveito
próprio ou alheio, por funcionário público que os administra ou guarda, ou
seja, é um abuso de confiança pública.
Podemos
encontrar no Código Penal as seguintes descrições:
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO
I
DOS
CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
PECULATO
Parece que o discurso de moralidade e cuidado com a coisa pública não corresponde a realidade de certos fatos que andam vindo à tona a respeito do Gestor Público de nossa cidade.
E agora fica a pergunta:
Quais outros segredos estarão escondidos dentro do Cavalo de Troia Ararunense?
Fonte da Imagem: https://medium.com/
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